Pular para o conteúdo principal

O calabouço celeste

Houve um sonho e eu sonhei. Entre os campos de um verde sublime repousei. Olhando as pálidas e belas nuvens eu estive no céu.
Os meus braços não doíam mais e os meus olhos não eram violados por lágrimas, eu caminhava e apenas o som de uma música que era carregada por uma brisa úmida e marítima acompanhava meus pés.
A minha mente se esforçava para me situar, mas nada conseguia lembrar, havia uma distancia entre meu consciente e a realidade cada um dos meus passos levava-me a um abismo colorido, uma quimera delicada e perfeita
Olhava as minhas mãos e via marcas, em um momento as fechei e pude sentir algo que não era dor, mas talvez uma lembrança da sensação que esta palavra significa.
Minha alma sentia-se liberta e a vida era naquele momento atemporal. Eu tinha asas apesar de não poder vê-las, uma vontade pulsante então me tomou e eu fechei os olhos e com os corcéis inexistentes de uma brisa oceânica eu cavalguei.
Mas a falta ainda tomava meu coração e dentro do meu âmago uma melodia dissonante com aquela que a sinfônica musica criava começou a ser composta.
Tentei reprimi-la e afoga-la na escuridão e no vazio, mas a melodia era forte e sombria ao mesmo tempo que era bela e libertadora.
Uma luta musical germinou do meu confronto e as duas musicas combateram dentro do meu coração, as minhas forças falharam e eu cai, no entanto a queda não me feriu. Eu apenas cai.
A solidão que envolvia a minha atmosfera começou a sair de cena e a brisa centralizou-se formando um tornado de diversas cores tão fortes quanto a luz de um sol.
Eu olhava e meus olhos eram feridos e lágrimas de sangue desciam manchando meu rosto,mas eu vi uma bela figura sair do tornado e quando este ser saiu o vento cessou.
Caminhava lentamente diante de mim, com passos imponentes e cheios de uma beleza celeste, não sabia seu nome,porém seu rosto era muito familiar.
Suas veste tinham uma cor metálica e uma capa escondia uma armadura de uma cor tão bela como a sombra e a luz ,seus olhos eram penetrantes e fortes, de uma sabedoria infinita e que se perdia dentro da imensidão que as pálpebras velavam, os cabelos dançavam no compasso de seus passos e a musica parecia brotar de seu corpo.
A sinfonia daquele lugar mandava-me ajoelhar, mas a melodia que crescia dentro de meu espirito resistia e não permitia aos meus joelhos dobrar , a musica em andamento acelerado e tom cristalino, com seu volume incrível mandava-me temer.
No entanto, diante da gigantesca presença e da sinfonia de acordes transcendentes, eu não temia e nem me ajoelhava e a melodia do meu coração crescia e crescia ainda mais.
Os olhos daquele ser enfureciam com minhas atitudes, e a fúria instigavam meus lábios a gritar algo que não entendia, porém que mostrava parecia fazer todo o sentido.
Um eco de minha garganta se projetou e da minha boca uma ordem se fez ouvir “Já chega Demitrius !Não me mantereis mais preso em tua prisão de cores belas”
Vi então as minhas roupas se transformarem e em minha direita uma espada se materializar, entendi porque não temia e lembrei do antes do presente e do que ainda estava por vir.
Era como Demitrius um deus, um senhor de todos os destinos,.Havia recordado que Demitrius era meu irmão e havia tentado dominar o meu reinado divino, contudo eu havia lembrado quem eu era e seu plano falhou.
Destruí seu calabouço e o repreendi com severidade mais também com o amor de meu coração puro, Demitrius amaldiçoou-me mais suas maldições tornaram -se bençãos aos meus olhos.
Após escutar minhas palavras de amor e rigidez ele se foi amargurado e gorgolejando nas eras infindavéis que a ele pertencem.
Eu por minha vez voltei ao meu tempo e ao meu reino e sentei diante dos mares vivos feitos de esmeraldas e conversei com as fadas para que esta história em suas línguas tornassem mais do que a minha eterna vida, mais que uma história pequenina se tornasse uma verdadeira lenda.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

As cinzas levadas pelo outono Revelam meus cortes. Emoções perdidas no horizonte. De um oceano escuro. Palavras veladas. Suprimidas em lagrimas. O garoto chora. refutando a infância. gritos na noite revelam amargos doces. carinhos sombrios. sentimentos proibidos. fechando os olhos em minhas fantasias. meu elisio seguro. disperso em vozes sombrias. em um beijo inocente há mentira. nas mãos fortes minha sensação sombra. eu grito e silencio não há força no intimo eu sussurro uma oração de joelhos na escuridão...

No refrão da Canção para o Oceano

O bardo dedilha sua harpa. Cordas de ouro expandem a musica. Uma canção de ninar para o oceano. Um poema para acalmar o espirito melancolico. Em cada nota de sua musica milenar. De minhas poesias posso lembrar. O sorriso que outrora tive. uma memória agora úmida e triste. No refrão da canção para o oceano. Eu entrego a tempestade da minha alma. No movimento pendular das ondas prateadas. Eu deixo a melodia velar meu pranto. No refrão da canção para o oceano Os meus versos embalam meu sono. Uma fuga do triste outono. Uma busca à primavera inalcansável. O bardo que toca a harpa dourada. Talvez em meio as eras futuras e passadas Seja um fantasma de minhas lúgubres lágrimas. A expressão da ausência de minha fada. E sua música doce a minha desolação. O grande oceano o indomável coração. A caixinha de segredos e mentiras. do pequeno garoto coroado com estrelas sem vida No refrão da canção para o oceano. Repousa um mistério milenar. Uma poesia silenciosa. Uma paixão à deriva.